O Encontro de Produtores Rurais, organizado nesta terça-feira (25) na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), teve como mote o pedido de “invasão zero” em propriedades privadas do interior baiano e foi marcado por discursos inflamados de parlamentares contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e contra os governos federal, sob Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e estadual, sob Jerônimo Rodrigues (PT).
Os deputados de oposição Sandro Régis (União), Marcinho Oliveira (União), Diego Castro (PL), Leandro de Jesus (PL), Manuel Rocha (União), Tiago Correia (PSDB), Alan Sanches (União) e Robinho (União) foram alguns dos que subiram no púlpito para criticar as ocupações realizadas pelo MST e as gestões do PT à nível nacional e estadual.
Marcinho fez críticas à escolha do ex-deputado estadual Tum (Avante) para ocupar a Secretaria de Agricultura da Bahia. De acordo com o deputado do União Brasil, que é produtor rural na região sisaleira, o atual secretário da área não sabe diferenciar um pé de abacaxi de um sisal.
“A gente sabe as dificuldades que temos e, simplesmente, o governador coloca um secretário de Agricultura que não sabe a diferença de um pé de abacaxi para um pé de sisal. Ele não sabe. Usa a Secretaria de estado como um cabide de empregos. É inadmissível nos dias de hoje, onde 25% do PIB do nosso estado depende de vocês, produtores rurais”, criticou Marcinho Oliveira.
O bolsonarista Diego Castro se disse emocionado com o evento realizado pelos produtores rurais. Em discurso inflamado, ele chegou a dizer que aqueles que invadem latifúndios no interior do estado devem ir “pro pau”.
“O estado outrora chamado de Bahia Vermelha, Bahia do MST, Bahia da esquerda, a Bahia que sempre relativizou o direito de propriedade, hoje está mostrando que quem manda nesta terra é aquele que produz, os produtores, aqueles que botam a comida na mesa de cada um dos baianos no final das contas. No que depender deste deputado aqui, a propriedade vai ser respeitada. E invasor de terra criminoso vai pro pau, vai pra cadeia, porque invadir terra é crime. Usurpar ilegalmente e ilegitimamente uma propriedade é crime e não tem discussão relativizada quanto a isso”, afirmou Diego, sob aplausos dos produtores rurais presentes.
Autor da proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ocupações do MST no interior do estado, Leandro de Jesus também fez críticas duras ao MST e aproveitou seu espaço para exaltar o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), provocando delírio entre os produtores rurais presentes no evento.
“Qual foi o presidente que mais entregou títulos de terra respeitando a lei? Jair Messias Bolsonaro! Se nós somarmos todos os presidentes anteriores, eles não chegam nem perto dos títulos de terra que o presidente Bolsonaro entregou, priorizando as mulheres. Parabéns, Jair Messias Bolsonaro, o verdadeiro representante deste povo e o maior presidente da história deste país”, gritou Leandro, para aplausos dos produtores.
O líder da oposição na AL-BA, Alan Sanches, fez um discurso mais moderado e sinalizou que o movimento para conter as ocupações do MST é suprapartidário, reunindo inclusive apoiadores do governo.
“Para que a gente evite essa guerra civil que pode acontecer na zona rural, estamos aqui hoje chamando a atenção. A CPI só depende agora do presidente instalar. Nós temos 30 assinaturas. Somos 20 deputados da oposição, somos 63 deputados na Assembleia, mas conseguimos mais 10 assinaturas, porque este movimento não é de oposição. É suprapartidário. Então vocês tenham certeza que, independente de coloração partidária e de ideologia, o que nós queremos aqui é defender Justiça, para que a gente não precise fazer esse enfrentamento pessoalmente”, disse Sanches.