O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta segunda-feira (23) que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará parte da obra do gasoduto Néstor Kirchner. O chefe do Executivo classificou críticas ao apoio financeiro do Brasil ao empreendimento argentino como “pura ignorância”.
“Eu tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes, no conhecimento científico e tecnológico que a Argentina tem. E, se há interesse dos empresários e dos governos, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que gente puder fazer para ajudar no gasoduto argentino”, disse.
Pela manhã, Lula visitou o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em Buenos Aires. Ao saírem, deram uma declaração conjunta à mídia brasileira e argentina.
A 1ª fase do gasoduto foi concluída e, agora, os argentinos buscam ajuda financeira para continuar a obra. O 2º trecho terá cerca de 500 km e ligará os campos de óleo e gás da região de Vaca Muerta até San Jerónimo, na província de Santa Fé. Em uma fase futura, o gasoduto poderá chegar ao Brasil.
Lula não detalhou como o financiamento será feito e nem o valor. Em dezembro, a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royón, anunciou que seu país contava com US$ 689 milhões em financiamento do BNDES para concluir a construção do 2º trecho do gasoduto.
Na época, o BNDES, ainda sob o comando do governo de Jair Bolsonaro (PL), emitiu nota em que dizia que não havia tal liberação.
“Com relação ao financiamento, os países maiores têm que auxiliar os países que tem menos condições em determinados momentos históricos. […] O jornalista [que fez a pergunta] sabe do orgulho que eu tinha quando a gente poderia financiar uma obra em um país da América do Sul, porque é isso que os países maiores têm que auxiliar os países menos condições em determinados momentos históricos”, disse.
Fernández agradeceu pelo anúncio feito por Lula e disse que as obras de continuidade do gasoduto precisam começar imediatamente para “aproveitar a inércia da construção da 1ª etapa e, rapidamente, chegar ao ponto de repassar o gás que o Brasil precisa”.
“Acho que nós 2 entendemos melhor a missão dos bancos públicos. Aqui na Argentina só temos inveja do BNDES, ferramenta de crescimento incrível”, disse.
Para Lula, críticas feitas a operações do BNDES no exterior, muito criticadas em seus mandatos anteriores, são fruto de “pura ignorância”.
“De vez em quando, no Brasil, somos criticados por pura ignorância, pessoas que acham que não pode haver financiamento para outros países. E eu acho que, não só pode, como é necessário que o Brasil ajude a todos seus parceiros dentro das possibilidades econômicas do nosso país. O BNDES é muito grande”, disse. (Blog do Gilberto Dias)