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19 de janeiro de 2023

Fricote, acordes e baianidade: Luiz Caldas chega aos 60 anos como revolucionário do Axé Music

 

E fez-se o som. E dele, os acordes. E com pés descalços, unhas pintadas e muito deboche, fez-se o Axé. E não haveria ninguém além de Luiz César Pereira Caldas, ou apenas Luiz Caldas, para conduzir pelos quatros cantos do Brasil, e pelo mundo, um ritmo genuinamente baiano. Nesta quinta-feira (19), o pai do Axé Music festeja 60 anos.


Com história, alegria, baianidade e deboche, o menino Luiz saído de Feira de Santana, cidade a 100 quilômetros de Salvador, celebra idade nova com mais de 50 anos de carreira no papel de um libertador de ritmos, uma espécie de revolucionário do Axé.


O começo de tudo
Na história da Bahia, a cidade de Feira de Santana tem o protagonismo de quem nasce fadado a revolucionar, a mudar. A histórica personagem Mária Quitéria, uma das heroínas baianas da luta pela Independência do Brasil na Bahia é a representação maior dessa máxima. Mas se coube a ela pegar em armas, coube a seu conterrâneo, Luiz Caldas, revolucionar por seus acordes.



Ao longo da carreira, Luiz contou diversas vezes que o surgimento da sua relação com a música veio muito cedo. Aos quatro anos, em Feira de Santana, ele costumava sentar na cozinha e assistia a mãe, Zuleika, em seus afazeres. Enquanto isso, eles ouviam música. Luiz diz que ficava paralisado enquanto ouvia aqueles sons que saía do rádio.


Erro que impediria o mundo de ter a genialidade de Luiz Caldas. Por isso mesmo, Luiz começou cedo, mas antes rodou pela Bahia. Em parte, por conta da transferência do pai, Durval Caldas, que era policial rodoviário, para Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia.


Foi na "Suíça baiana" que Luiz começou a observar o irmão Durval Ângelo após aulas de música. Mas cumprindo o destino de quem está veio para mudar, Luiz se tornou autodidata. Tirava "de ouvido" as músicas que ouvia na rádio e fez da rua a sua melhor escola musical.


Aos sete anos, veio a primeira apresentação e desde então, o menino de Feira de Santana ganhou o mundo. Luiz ainda viveu em São Paulo e no Rio de Janeiro, antes de voltar para a Bahia. A primeira apresentação de carnaval foi ainda em Vitória da Conquista, em 1975. Ele ainda passaria por Ipiaú, Ubaitaba e Itabuna, no sul baiano.



Tempo de magia
No ano de 1979, Luiz Caldas partiu apenas com um violão para nova aventura no Rio de Janeiro. Ele morou com Mu, Dadi, Armandinho, Ary Dias e Gustavo, o quinteto que formava o grupo "A Cor do Som".


No mesmo ano, Luiz gravaria, com a banda de amigos, a guitarra na canção "Abri a porta", de Gilberto Gil e Dominguinhos, no disco "Frutrificar". O instrumento emprestado de Armadinho marcou ponto no disco histórico e voltou com Luiz para a Bahia, em um novo retorno ao sul do estado.



oi no mesmo 1979, que Luiz Caldas assinou contrato com o grupo Tapajós e partiu com destino a Salvador para integrar a banda do trio Tapajós. No começo dos anos de 1980, veio "Ave Caetano", disco de estreia que colocaria Luiz em destaque no cenário local. Em 1982, ele passou a puxar o bloco Traz os Montes no Carnaval. O tradicional Camaleão também foi puxado por Luiz. A partir daí, o resto é história. É carnaval. É revolução em curso.


O disco "Magia", de 1985, todo gravado no histórico Estúdio WR, do empresário Wellington Rangel, foi comprado pelo produtor e empresário Roberto Santa' Anna. O estúdio seria a incubadora do Axé Music, e mais tarde, "Magia" seria considerado "marco zero" do Axé, apontado como obra que inaugura o gênero musical.


A revolução já era plena. Nos anos seguintes, o ritmo teria papel revolucionário no mercado fonográfico brasileiro. Liderado por Luiz Caldas, o Axé passou a dar aos baianos a oportunidade de fazer o caminho inverso dos grandes nomes da música e, fazia da Bahia um polo cultural sem a necessidade de que os artistas estivessem no sul do país para fazer sucesso.



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