Uma das diferenças entre democracia e ditadura, é que na democracia pelo menos você tem uma chance lutar. Não é o fim em si, mas um método de convívio político-social. Mesmo na democracia, é preciso continuar lutando por liberdade, dignidade, transparência e acesso ao conhecimento. Numa democracia, você tem a chance de pouco a pouco avançar. Porém numa ditadura, a primeira vítima é a verdade, o acesso à informação e ao conhecimento. Amarrando suas mãos e te jogando no escuro para morrer vendado na ignorância sem ter ideia do que está acontecendo.
Desde o final da semana passada o Governo Federal, durante uma emergência de saúde pública, parece fazer um esforço coordenado para deixar o Brasil no escuro, sem saber os números relacionados à doença. O atraso na divulgação dos boletins do Ministério da Saúde sobre o avanço do vírus, aconteceu justamente quando o país bateu recordes no número de óbitos por dia. Só a mudança brusca na divulgação dos dados já é o suficiente para desconfiar das intenções do Ministério da Saúde. Quando a maior autoridade sanitária do país passa a omitir e esconder dados durante uma epidemia, gera uma cadeia de desconfiança em toda a sociedade. Talvez a intenção seja de deixar os telejornais noturnos sem as informações atualizadas.
Esse método letal, de manipular as informações já foi utilizado no Brasil na grande epidemia de meningite, durante a ditadura na década de 70. E mais recentemente foi utilizado pelo Ditador do Turcomenistão, Gurbanguly Berdimuhamedow, que no meio da crise atual, proibiu que os jornais usassem o nome do vírus. A palavra “coronavírus” não pode aparecer em publicações oficiais, notícias da mídia estatal e nem mesmo em conversas de bar. A estratégia é de que uma crise não existe, se você proibir que se fale sobre ela.
No Brasil, o resultado dessa estratégia vai passar a mensagem de que o país tem menos mortes e menos casos da Covid-19. Ao invés de combater a doença, combate-se a percepção de que ela existe, saindo do campo da ciência e atuando na comunicação e na política, seguindo a cartilha do ditador do Turcomenistão.